A Alelopatia é descrita como a influência benéfica ou maléfica de um indivíduo, planta ou microrganismo, sobre outro, mediada por biomoléculas denominadas aleloquímicos (RIZVI; RIZVI, 1992).
Esta interação é definida como sendo “vários processos envolvendo a produção de metabólitos secundários em plantas, algas, bactérias e vírus, que influenciam no crescimento e desenvolvimento de sistemas biológicos e agrícolas; são liberados no ambiente via exsudados radiculares no solo ou por substâncias voláteis no ar, tendo como exemplos dos principais grupos de aleloquímicos os fenóis, terpenos, alcalóides e poliacetilenos (SOUZA-FILHO, 2006).
Vale dizer, que alguns metabólitos só atuam em presença de outros, atuando em sinergismo, pois não atingem a concentração mínima necessária para exercer o efeito alelopático (ALMEIDA, 1988).
Muitas vezes o fenômeno da alelopatia é confundido com competição, pelo fato de que, em determinadas situações, ambos influenciam no crescimento e/ou desenvolvimento da planta circundante. Contudo, na alelopatia ocorre adição de um fator biológico ao meio ambiente, já na competição, há remoção ou redução de algum fator ambiental (água, luz, nutrientes, etc.), necessário para o crescimento de ambas as plantas que os disputam (ZANINE; SANTOS, 2004).
Mas, como ele pode ajudar na agricultura?
Um exemplo são as plantas que possuem efeito inibitório, pois podem ser utilizadas como herbicidas eficientes e naturais.
Lehman et al (1999), também constatou que os aleloquímicos afetam muitos processos celulares em espécies de plantas alvo, incluindo a interrupção da permeabilidade da membrana e na absorção de íons. Há também ações como a inibição do transporte de elétrons tanto na fotossíntese quanto na cadeia respiratória causam danos ao DNA e às proteínas, alterações de algumas atividades enzimáticas.
Segundo Souza Filho et al (2005), as plantas fedegoso e malícia se mostraram mais sensíveis aos efeitos alelopáticos da a Brachiaria humidicola durante o desenvolvimento de radícula.
Ainda há muito a ser explorado, mas a utilização da alelopatia tem um caminho promissor com diversos benefícios no MIP e colaborando também com a racionalização de defensivos agrícolas.
Referências Bibliográficas:
ALMEIDA, F. S. A alelopatia e as plantas. Londrina: IAPAR, 1988. 60 p. (Circular, 53).
Gniazdowska, A. and R. Bogatek. 2005. Allelopathic interactions between plants. Multisite action of allelochemicals. Acta Physiology. Plant. 27(3):395-407.
GINDRI, Diego Medeiro; COELHO, Cileide Maria Medeiros. METABOLITOS ALELOQUÍMICOS DE LANTANA CAMARA L.: POTENCIAL PARA O DESENVOLVIMENTO DE BIOHERBICIDA – REVISÃO. Revista Técnico Científica do Crea-Pr, [s. l], v. 24, p. 1-18, ago. 2020. Disponível em: https://revistatecie.crea-pr.org.br/index.php/revista/article/view/595. Acesso em: 24 abr. 2025.
LEHMAN, Mary.; BLUM, Udo. Evaluation of ferulic acid uptake as a measurement of allelochemical dose: Effective concentration. Journal of Chemical Ecology. Vol. 25, p. 2585-2600, 1999.
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RIZVI, S. J. N.; RIZVI, V. Allelopathy: basic and applied aspects. London: Chapman & Hall, 1992. 480 p.
SOUZA-FILHO, A. P. da S. Alelopatia e as plantas. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2006. 159 p.
SOUZA FILHO, A.P.s.; PEREIRA, A.A.G.; BAYMA, J.C.. Aleloquímico produzido pela gramínea forrageira Brachiaria humidicola. Planta Daninha, [S.L.], v. 23, n. 1, p. 25-32, mar. 2005. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0100-83582005000100004.
ZANINE, A. de M.; SANTOS, E; M. Competição entre espécies de plantas – Uma revisão. Revista da FZVA. Uruguaiana, v. 11, n. 1, p. 10-30, 2004.